INSTITUTO DE JOINVILLE EM EVENTO INTERNACIONAL
O Instituto Internacional Juarez Machado inicia o ano de 2020 com sua primeira realização artística fora do Brasil. Portugal recebe de 18 de fevereiro até 23 de maio a exposição “A Figura em Movimento: Juarez Machado/Serigrafias”, numa promoção do Festival Internacional de Literatura Ibérica Correntes D’Escritas e da Galeria D’Arte Ortopóvoa em conjunto com o Instituto que leva o nome do artista joinvilense.
Correntes D’Escritas é um encontro mundial que nesta 21ª edição reunirá cerca de 100 escritores, pesquisadores e intelectuais de 15 países. É realizado anualmente em Póvoa de Varzim, uma localidade histórica entre os rios Minho e Douro, terra natal de um dos maiores escritores em língua portuguesa ,o diplomata Eça de Queiroz, e muito próxima à cidade do Porto, a Capital Cultural da Europa. A Galeria D’Arte Ortopóvoa integra o circuito europeu de exposições e feiras de arte contemporânea.
Diretor do Instituto e responsável pela iniciativa do intercâmbio internacional e pela coordenação e curadoria da exposição naquele país, o também joinvilense Edson Busch Machado acentua o caráter cultural do evento e seu alcance promocional para as artes de Joinville: - “ A presença num encontro com diversas culturas abre a possibilidade de novos mercados para nossos artistas”, afirma Busch Machado.
“Em visita oficial ao Brasil em 2019 a coordenadora geral do evento em Portugal, escritora Manuela Ribeiro conheceu os projetos culturais e sociais desenvolvidos pelo Instituto e nos convidou para participar e representar o Brasil na edição deste ano. Selecionamos 15 obras recentes de Juarez Machado que representam parte significativa de sua trajetória no mundo das artes. Temas recorrentes em sua obra como o espetáculo e o movimento da dança, os ateliês de artista e a série parisiense châteaux bordeaux, integram o conjunto desta exposição”, complementa o curador.
Um sofisticado catálogo foi elaborado pelos organizadores e patrocinadores a ser distribuído aos visitantes da exposição e do encontro literário, constando imagens das obras do artista expositor e textos de apresentação de autoridades portuguesas e brasileiras:
“Receber este talento de renome internacional é um momento excepcional. Acontecer inserido no Correntes D’Escritas, é a ocorrência de prodígios numa convergência de prestígios”, diz o administrador do espaço, Afonso Pinhão Ferreira. Já o secretário municipal de cultura, Luís Damantino escreve: “Sua arte é como o movimento de uma dança dirigida pelo desejo imanente dos corpos que se oferecem a vindima”. E, nas palavras da escritora e pesquisadora Lélia Pereira Nunes: “Juarez Machado, monsieur le peintre, é um mestre e seu sobrenome português é um orgulho para Portugal e para o Brasil “.
Juarez, em toda sua carreira, expôs apenas uma vez em Portugal, em 1990 em Lisboa. Agora, trinta anos depois, em A Figura em Movimento, não poderá estar presente no evento, mas deixa seu recado ao público:
“O Instituto Juarez Machado conquista seu espaço além fronteiras, eu sou apenas um contador de histórias que sabe pintar “.
O CALEIDOSCÓPIO DE JUAREZ MACHADO
“Sou um escritor que desenha”, dizia o cartunista romeno Saul Steinberg. Já o artista brasileiro/francês Juarez Machado costuma afirmar “Sou um contador de histórias que sabe pintar”.
Pintor, escultor, desenhista, autor de livros, ator, mímico – fez do seu próprio corpo o personagem – Juarez é multiartista e cidadão do mundo. Montou ateliês no Brasil e em países europeus para fazer circular suas obras em todos os Continentes. Sua arte traduz a personalidade irrequieta do criador compulsivo, com imagens que transcendem a cor, o gesto e a mensagem.
Para a exposição “A Figura em Movimento - Juarez Machado / Serigrafias “ no país de nossos irmãos portugueses a convite dos organizadores do Correntes D’Escritas 2020, optamos por sua incursão às artes gráficas. Quinze gravuras – numeradas, autenticadas e assinadas – de diferentes fases, produzidas em oficinas especializadas, configuram períodos emblemáticos de sua profícua trajetória.
Da série “Tango” as duas cenas retratam a sensualidade dos corpos em movimento e a dramaticidade das emoções universais do homem e da mulher, temas recorrentes na criação desse artista. Em “Chateaux Bordeaux” a coleção de castelos, vinícolas e vinhedos nas Regiões da França, nos faz viajar pelos prazeres do espírito e “ Festival de Dança” teve a imagem transformada no cartaz promocional da 30ª edição do Festival de Dança de Joinville, considerado o maior do mundo segundo o Guinness Book.
A pesquisa historiográfica e a criatividade mantêm-se presentes nos dois registros do ano do Jubileu 2000, obras especialmente produzidas para as celebrações em exposição no Vaticano , assim como a intimidade de seu ateliê em Montmartre e nos dois contrapontos conceituais do artista : o alegre e colorido carnaval antigo no Rio de Janeiro, e a mordaz crítica aos meios de comunicação em “ Aldeia Global “.
Edson Busch Machado
“A Figura em Movimento – Juarez Machado / Serigrafias “ é uma exposição exclusiva sob os critérios curatoriais. Honrados pelo convite da escritora Manuela Ribeiro e do galerista Afonso Pinhão Ferreira para expor em Póvoa de Varzim, fica o agradecimento do artista e de toda a equipe do Instituto Internacional Juarez Machado pela oportunidade de realização da primeira exposição da instituição cultural para além-fronteiras.
Edson Busch Machado Curador
Biografia do artista:
Juarez Machado (1941) nasceu em Joinville, Santa Catarina, no dia 16 de março de 1941. Filho de um artista, colecionador e caixeiro viajante, passou a maior parte de sua infância ao lado de sua mãe, também artista, e de seu irmão. Começou a desenhar ainda muito pequeno, e também gostava de fazer “esculturas” com barro. Com 14 anos começou a trabalhar em uma gráfica no setor de produção de rótulos de remédios, embalagens e cartazes para laboratório.
Com 18 anos mudou-se para Curitiba. Entre 1961 e 1965 estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em 1964 realizou sua primeira mostra individual em Curitiba. Em 1966 foi morar no Rio de Janeiro, onde viveu durante 20 anos e teve intensa participação no movimento artístico da cidade. Foi chargista dos principais jornais do país. Através de uma arte que retrata sua típica irreverência e bom humor, logo se projetou no cenário nacional e internacional.
Juarez Machado
Em 1973 o artista teve um quadro de humor e arte na televisão nos primeiros anos do programa Fantástico da TV Globo, onde fazia vinhetas animadas, com cenários projetados pelo artista, em que atuava como mímico ou “desenhista do gesto” como ele gostava de dizer. Ele interagia com seus próprios desenhos e se apresentava com o rosto pintado de branco e uma roupa que misturava cenário e boneco.
Depois de várias viagens internacionais levando sua arte, em 1978, Juarez Machado fixou residência em Paris, onde montou mais um ateliê. Localizado na Rua das Abbesses, no bairro de Montmarte, onde mora com sua amiga e companheira Melina, 27 anos mais nova que ele, e onde o artista é festejado em cada esquina.
Em 2014, o Juarez inaugurou o Instituto Internacional Juarez Machado, localizado na antiga casa de seus pais, em Curitiba, onde reúne obras e lembranças da família e do próprio artista, como a famosa bicicleta com rodas quadradas. A casa tem amplo espaço para exposições e uma lojinha com criativas obras do artista.
Em 2015, para comemorar um ano da existência do Instituto, Juarez realizou uma exposição em Curitiba onde reuniu 200 peças para a mostra “Juarez Machado na Hora do Recreio”. O artista, que é reconhecido pelo leve surrealismo e por explorar suas obras como críticas sociais irreverentes, reuniu na exposição, objetos, esculturas, desenhos, fotografias, além das pinturas com as figuras femininas, quase sempre presentes em sua obra. “Eu trabalho muito com o deboche, o humor é uma forma crítica que provoca e diverte, resolvi fazer uma exposição para me divertir”, disse o artista.
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