Biografia do Artista Plástico Amandos Sell, por Fernanda Ortiz




Amandos Sell, joinvilense, leva essa cidade não só nos registros, mas também no coração. Nascido em 12 de julho de 1944, filho de Eugênio Sell e Erna Sell, tem apenas um irmão, Oscar Sell. Cresceu por entre as paisagens rurais desta bela cidade, junto as flores, aos verdes, as claras águas dos rios que se iniciam lá na serra, aos animais, em meio a muitas paisagens de uma Joinville de antigamente, e que hoje ainda existe na sua memória e nos seus desenhos.

Ele vem de uma vida simples, mas cheia de ternura. Por morar longe da escola, precisava caminhar muito e pelo caminho em meio ao silêncio, ouvia o cantarolar dos pássaros e via as paisagens que ele nem imaginava que ficariam guardadas na mente para um dia se tornarem telas.

Quando pequeno gostava muito de brincar na terra, com um caminhãozinho e com casaca de coqueiro seca que virava carrinho de rolimã. Sua infância era muito solitária, porém quando vinha um vizinho era a maior festa, subiam logo no carrinho improvisado e lá iam morro abaixo dar asas a imaginação.

Na escola, não gostava muito de estudar, desenhar era sua atividade preferida. Assim fazia, dava vida as folhas em branco com lápis de colorir. A cultura germânica é uma marca de Joinville e também o é para Amandos. Descendente de alemães ele sempre se encantou com a arquitetura que desenha sua cidade natal. Na sua família as músicas sempre estiveram presentes.

Por ser o mais velho dos irmãos ajudava como podia nos serviços mais pesados da casa. Na idade de trabalhar iniciou sua carreira na padaria do tio, como padeiro. Depois de um tempo foi trabalhar em um moinho de trigo. Lá ele ensacava farinha. Neste trabalho via os lugares por onde passava na velocidade de uma bicicleta, ganhava pouco e quando chegava atrasado perdia o salário de um dia.

Sell nem imaginava que seria um grande pintor a representar sua cidade. Assim, continuava a vida, entregava peças numa fábrica de motores, lavava molduras de estampa de tecidos em uma malharia, realizava os acabamentos internos dos ônibus nas carrocerias Nielson e foi então que, nos anos 1970, um desejo nasceu. Ele costumava  observar as pinturas dos letreiros nos ônibus e havia umas empresas que pintavam gaviões na lataria de seus ônibus. Amandos se encantava com aquilo.

Achava um trabalho artístico lindo, todo pintado a mão. Despertou no artista a vontade de fazer a mesma coisa. A partir deste dia sonhou em ser artista. Loucura! Foi a resposta ao seu desejo. Mas Amandos decidiu, então, que seria louco e correu atrás do seu sonho. Dizem que a maioria dos artistas são loucos e, talvez, assim o sejam se isto significar fazer da arte o seu trabalho, o seu ganha pão e se sentir feliz com isso.Foi o que Sell fez. A decisão de deixar um trabalho com uma renda fixa para ajudar a família e se manter, não foi fácil, porém as portas se abriram e Amandos buscou o conhecimento necessário para desenvolver sua nova atividade. Algumas aulas sobre pintura, mistura de cores, profundidade, e surgiam os caminhos que ele mesmo iria trilhar nos desenhos.

Com a ajuda de um amigo começou a expor seus quadros na lanchonete do mesmo. Neste local  o historiador Afonso Imhof conheceu seu trabalho e o indicou para uma exposição na IV Coletiva de Artistas de Joinville. A aprovação fez com que ele pudesse revelar ao povo joinvilense e, posteriormente, ao mundo aquilo que ele vivenciou e vivencia, tudo que viu e tudo que vê e que dentro do seu coração se transforma. Suas mãos ilustram nas telas quem é Amandos Sell, como ele vê Joinville. E, dessa maneira, as pessoas se veem nele.

Fernanda Ortiz – biografia presente no livro

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